Atribuir à Igreja Católica ou a qualquer outra confissão religiosa tempo de antena em canais de televisão públicos, pagos pelo contribuinte, viola o princípio constitucionalmente definido da Laicidade da República Portuguesa.
Havendo um parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República, segundo o qual "toda a publicidade destinada a promover uma confissão religiosa, ou que tenha por objeto ideias religiosas, deverá ser considerada ilícita, incorrendo o infrator em responsabilidade contraordenacional", não se compreende, porque não foi tomada qualquer ação por quem de direito.
Se ao Provedor (a) do Ouvinte e do Telespectador compete “representar e defender, no contacto com as Empresas de Serviço Público de Rádio e de Televisão, as perspetivas dos Ouvintes e dos Telespectadores diante da oferta radiofónica e televisiva”, o que é que o mesmo fez para evitar tal ilicitude?
Católicos, evangélicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas… qualquer crença têm o direito de transmitir a suas “mensagens”, mas, obviamente, nos locais e canais próprios, para os seus fiéis seguidores, ou para aqueles que veneram amigos imaginários e paguem o dízimo ou esmola… não para a população em geral e muito menos para pessoas minimamente lucidas e racionais, que normalmente estão vacinadas contra os seus dogmas.
Não o podem fazer numa televisão pública paga por todos os contribuintes, sobretudo aqueles que respeitam a separação e laicidade do Estado.
Não é lícito!… muito menos moral, o Estado favorecer, publicitar e patrocinar uma religião específica (IC) a quem atribui inúmeras regalias e sobretudo isenções de impostos.
Já chega de discursos “politiqueiros” … “jornadas religiosas” … “lutas contra o aborto” … “lutas contra a eutanásia” … “lutas contra a homossexualidade” …
Só falta mesmo que lutem contra a pedofilia e indemnizarem as vítimas.
Só falta mesmo levantarem que os cuzinhos gordinhos dos bancos das igrejas, e em vez de discursos e orações inúteis, saírem para a rua para ajudar os mais pobres e desfavorecidos.
Só falta mesmo começarem a distribuir parte da riqueza que acumularam ao longo de séculos para ajudarem a matar a fome no mundo.
A RTP, enquanto órgão de informação, tem obrigação de oferecer aos seus telespectadores e contribuintes um serviço público livre e independente do poder político, económico e religioso.
Autor: Carlos Silva Data: 2023-12-24 Imagem: Internet Obs.: Direitos reservados
Um poeta vive, na generalidade, de uma forma intensa, procurando sempre Algo... o porquê da sua própria vida, a razão do seu ‘Ser’. No entanto, ante a incapacidade de realização e a frustração de não alcançar esse ‘Algo’, brinca com a própria vida (“Era uma vez a vida”), “fingindo que a vida não é nada”. Mas, apesar de fingir, sentiu, e continua a sentir essa sua frustração e incapacidade que tenta sublimar (“Chorando a dor sorrindo”) que, no fundo, é a pura realidade. “Nada” é a ‘falsa imagem’ que o poeta nos oferece da vida, porque ao que sente na realidade, o leitor jamais terá acesso. É, pois, através desse “sorriso” falso, “artificial” que o poeta procura transmitir o verdadeiro (“Sonho de Beleza”), “chorando” interiormente essa sua incapacidade de materializar, de artificar, de oferecer ao leitor a sua própria realidade. O “chorar” e o “sorrir”, serão, pois, o reflexo dessa sua dor (a “Real” -que realmente sente -e a “Imaginária” a que o leitor também já não terá acesso, por não passar duma representação mental da primeira -não existe!). Ao leitor está reservado apenas o que lê, ou seja: a representação dessas duas dores que se transformará numa terceira (mental, intelectual); a sua!