1024. Um último crepúsculo de Liberdade
I
Não
Não mais reclamarei
Não reclamarei o último recalcamento
O último som que veio do silêncio
das palavras loucas e desnecessárias
da pele fresca e macia
da chuva do calor
duma simples sombra (28º)
de Jean François Maurice
II
Não
Não mais reclamarei
Não mais reclamarei a fragosa menina de boné negro
O dominó do seu enigma
o seu perfeito comboio de sonho
e uns tantos momentos doirados
irremediavelmente perdidos
na linha do tempo e do espaço
III
Não
Não mais reclamarei
Não mais reclamarei por Liberdade
Não existe Liberdade na Liberdade
que se contrista
que culpada se confessa
perante a própria limitação
IV
Não
Não mais reclamarei
Não mais reclamarei esse 'sim' oculto
Esse último pedaço de aparência
essa lágrima omissa
que antecedeu o silêncio absoluto
V
Cingiria o silêncio ao próprio silêncio
se neste silêncio não existisse ainda
este insustentável ruído
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